MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

A simbologia do despir da jaqueta....

O despir da jaqueta


Resultado de imagem para despir da jaqueta

“E quando o forcado  um dia
Vai á pega derradeira
Demonstra mais valentia
Do que teve na Primeira.

E no gesto, em que abraça
Comovido a multidão…
Despe a jaqueta na praça
Mas guarda-a no coração.

Estas duas quadras tiradas de um poema de “Mimela Cid”, levaram-me a escrever esta crónica em que quero mostrar toda a minha discordância, com alguns grandes amigos que se despediram sem despir a jaqueta.
È evidente que esta atitude não tem grande importância, tanto mais que na maioria dos casos o passado desses amigos é tão importante que, despir ou não despir a jaqueta nada pesa, mas também é evidente que a cerimónia que dá origem a esta crónica daria outra solenidade àquele momento, tão importante para o forcado, e para os aficcionados que assim viviam a despedida de um dos seus, com mais sentimento.
Se os matadores cortam a coleta, porque não hão-de os grandes forcados despir a jaqueta?
Eu sei que a determinada altura, se vulgarizou o acto em si - havendo mesmo quem o tenha feito mais que uma vez, banalizando-o ou mesmo enxovalhando-o, mas daí até ao erradicar de uma tradição de forma cerce, vai uma grande distancia.
Se os forcados quando se despedem não avisassem ninguém, eu ainda compreendia, podia ser um excesso de humildade, podia ser um “até um dia”, podia ser a descrição levada ao exagero, podia ser tudo…, mas isso não acontece porque, toda a gente sabe a corrida em que se vão despedir, e ao fazê-lo sem tão bonita cerimónia, privam aqueles que sempre os admiraram desse momento bonito. È certo que têm todo o direito para o fazer, mas também é certo que fica mais pobre de simbolismo a despedida, com este atentado contra a tradição.
Pelo que tenho ouvido, a razão que leva maioria a não despir a jaqueta, resume-se a isto: hoje qualquer forcadeco o faz na despedida”.
Estou á vontade para falar deste assunto, porque nunca a despi, por achar que a minha passagem no mundo da forcadagem foi demasiado insignificante, e nem o grupo onde acabei como forcado nem muito menos os aficcionados, iriam sentir saudades de mim ou sequer a minha falta.
Vi enormes forcados a despedirem-se despindo a jaqueta e guardo esses momentos na memória como uma riqueza rara de sentimento e significado.
A moda actual tresanda a um elitismo, que na minha opinião, não tem cabimento e que ainda por cima rouba simbologia ao acto e atenta contra a tradição.
Se é para não se confundirem com aqueles com menos história, porque não passam também a vestir doutra maneira?

Por exemplo de laço em vez de gravata?