MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Para quando o dia do Avõ...

Para quando o dia do AVÕ ???

Filho és, Pai serás...



Eu tenho 3 filhos e dois netos. Diz um amigo meu : "macho que é macho só dá machos".
Se ser pai é um estado que nos dá uma enorme realização, ser Avô é ainda mais extraordinário.

Que Homem extraordinário foi o meu Pai, que homens extraordinários foram os meus avôs...

O meu avô paterno, foi um homem fantástico na sua época, e que é para mim uma enorme referência na minha vida junto com o meu pai. Já há muitos anos que não está no reino dos vivos, mas todos os dias me lembro dele e mais vezes me devia lembrar, porque se o fizesse cometeria menos erros.

O meu avô João Avelino Cortesão, como homem nunca vergou a servil desde os tempos de estudante da Unjversidade de Coimbra, assumindo os seus deveres e direitos de cidadania, com coragem e lisura.

Como avô tentou sempre compreender as novas gerações, mesmo quando a dinâmica do mundo ultrapassava o pensamento do seu tempo.
Como desportista, atirou aos pombos tendo ganho variadissimos prémios. 
No desporto tinha um pecadillo, para ele quando seu clube ( Académica ) perdia, ou tinha sido demasiado o azar, ou os árbitros tinham roubado escandalosamente.
Acompanhava o seu clube algumas vezes ao Poro ( boavista, Leixões e Salgueiros), a Lisboa ( Benfica, Sporting, Belenenses e Atlético) e a Aveiro ( Beira Mar), e fazia destas viagens em que quase sempre o acompanhava, exercicios culturais que hoje as autoestradas que so têm areas de serviço, tornariam impossiveis. Ao passar Pombal, Leiria, Alcobaça, Caldas, etc, falava-me sobre factos históricos e monumentos dando-me cultura básica da história de Portugal.

Escrevia bem e com acutilância - tinha lido os clássicos alguns que conheceu pessoalmente, que citava -. Tinha o dom da palavra quando a oratória era exercitada sem lugares comuns e primava pela erudição, e versejava com sentimento e ritmo numa demonstração de rara sensibilidade.
Dada a nossa estreita relação em que tudo lhe contava, antes de que eu cometesse erros era duro nas critícas e nos avisos, depois de eu os ter cometido era simplesmente solidário sem recriminações mesmo perante os meus pais, ajudando na resolução dos mesmos de forma abnegada.

Politícamente eramos próximos, como critícos do regime vigente, mas da sua parte recebi sempre o exemplo do respeito pelos antagonistas desde que demonstrem honestidade intelectual, enquanto sentia total desprezo pelos traidores, e uma visão lúdica e por isso independente, da politíca.
O ser Republicano e eu embora muito novo já Monárquico por influência de sua mulher e minha avó, dava conversas infinitas mas ricas, porque nem ele nem eu queríamos modificar o sentir do outro, antes respeitando-o.
Tinha um aguçado sentido de humor que só é acessivel a tipos inteligentes.
O meu pai, era uma réplica do meu avô, só que este, era talvez mais brilhante no humor, enquanto o meu avô materno era uma santa pessoa.

Se é verdade que gosto muito dos meus filhos, não é menos verdade que adoro os meus netos. Isto de ser avô não consigo explicar.

 Ontem dia do Pai,  fui aos Cemitérios de Ançã onde o meu Pai e o meu avô materno estão sepultados no jazigo da familia, e a S. Silvestre onde está o meu avô João, e aí perto deles, recolhi-me e elevei o meu pensamento para quem me marcou para toda a vida, enqunto curto a saudade e a pena de que os meus filhos mais novos e os meus netos não os tivessem conhecido ...

Para quando o dia do avô ???